sábado, 19 de outubro de 2013

Antigo Regime: A Sociedade de Ordens

Entre o século XVI e fins do século XVIII, a Europa viveu o que os historiadores chamam de Antigo Regime, sendo esta a época das monarquias absolutas e da sociedade hierarquizada em ordens ou estados.
A ordem é definida pelo nascimento ou pela função desempenhada pelo individuo. A cada ordem cabe um estatuto jurídico, uma forma de se vestir e de tratamento.
A sociedade no Antigo Regime divide-se em três ordens: o clero, a nobreza e o Terceiro Estado (correspondente ao povo). Esta estratificação social mantém vivos os privilégios provenientes da Idade Media. Isto levou Pierre Goubert a definir o Antigo Regime como “o regime da diversidade jurídica e administrativa, da complicação e do privilégio”.

Primeiro Estado - Clero
O Primeiro Estado, formado pelo clero, mantem-se como o estado mais digno, porque mais próximo de Deus. Usufrui de diversos privilégios além de ter muitas posses e ser muito rica.
Por ser a única ordem a qual não se chega pelo nascimento, o Primeiro Estado aglutina pessoas de todos os grupos sociais, mas por ter uma rígida hierarquia, cada um ocupa o lugar de acordo com suas origens sociais.
O Segundo Estado, composto pelos membros da nobreza, é a ordem de maior prestigio. Sede membros ao alto clero e ocupa lugares de maior poder na administração e no exército.
Os nobres também usufruem de variados privilégios, estando isentos do pagamento de contribuições ao rei, exceto em caso de guerra.

Segundo Estado - Nobreza 
O Terceiro Estado, o povo, é a ordem mais heterogenia, composta desde a alta burguesia até os miseráveis que mendigam nas ruas.
Os burgueses – homens de letras e mercadores – constituem a elite do Terceiro Estado.  A baixo destes estão aqueles que realizam o trabalho braçal e, por ultimo, os mendigos, vagabundos e indigentes, os membros mais desprezíveis da sociedade de ordens. A grande maioria, cerca de 80% da população, eram camponeses.
 A ordem mais baixa da sociedade não usufrui de privilégios medievais, praticamente todos os elementos do povo pagam impostos.
Cada ordem social era visivelmente diferenciada, dispondo de tratamentos apropriados de acordo com a posição que ocupa. Tendo, suas insígnias e seus distintivos. Também na justiça os tratamentos eram distintos. Clérigos e nobres não pagavam seus crimes com penas vis, mas sim com pesadas multas ou exílios.
Apesar de toda essa rígida estrutura a mobilidade social era possível, o que acaba por gerar uma ascensão do Terceiro Estado e a decadência dos privilégios de nascimento.
Através do dinheiro a burguesia encontrou caminho até o topo, com dedicação aos cargos do Estado e por meio do casamento alcançou a ascensão social e venceu os preconceitos.   

Antigo Regime: O Absolutismo Régio

O rei esta no ápice da hierarquia social. Durante os séculos XVII e XVIII o poder real atingiu o auge de sua força.
O poder real na monarquia absoluta era legitimo pois provinha da vontade de Deus.
Segundo Bousset, o poder real conjuga quatro características básicas:
·         É sagrado, porque provem de Deus, ele nomeia o rei para que exerça o poder em seu nome. O rei torna-se o garante da ordem social estabelecida e, é nesta condição que Deus lhe entrega o poder.
·         É paternal: “A primeira ideia de poder que existe entre os homens é a do poder paterno e fizeram-se os reis pelo modelo dos pais”.
·          É absoluto: “o príncipe não deve prestar contas a ninguém do que ordena”.
·         Está submetido à razão, isto é, à sabedoria que “salva mais os estados que a força”.
Na monarquia absoluta o rei concentra em si os três poderes: legislativo, executivo, judiciário.  Não ha qualquer órgão que controle a ação regia.
Os monarcas absolutos dispensam o auxilio de outras forças politicas, os Estados Gerais, na França, reunidos pela ultima vez (antes da revolução) em 1614-15. Em Portugal, as cortes não foram convocadas durante todo o século XVIII. No entanto nenhuma instituição foi, verdadeiramente, abolida.
Durante o absolutismo a corte se transformou no espelho do poder. Todos estavam dependentes do rei se quisessem prestigio e poder. Quem não frequentava a corte virava as costas ao poder e ao dinheiro que o rei distribuía magnanimamente pelos que o cercavam.

Nobres, conselheiros, “privados do rei”, funcionários viviam na corte e para a corte. Esta sociedade da corte servia de modelo aos que aspiravam à grandeza.

Luis XIV - símbolo do absolutismo régio

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Revolução America

Uma revolução fundadora 




       Em 1760 o monarca britânico Jaime III acabava de subir ao trono, e se orgulhava de ter em suas mãos, na América do Norte, as colonias de povoamento mais importante do Mundo, as 13 colônias. Este território estava localizado ao longo da costa atlântica e estavam habitados por fiéis súditos.

                                               As 13 colônias possuiam entre sim disparidades e uniformidades. As colônias do Norte e do Centro tinha como base econômica a agricultura, complementada pela pesca, criação de gado, comércio e indústria, além de serem constituídas por comunidades mais tolerantes. Enquanto isto as colônias do Sul especializavam-se na plantação de tabaco e de algodão, usando de mão-de-obra escrava.  No entanto tinham em comum a língua, a religião, a submição a Coroa britânica e ao Parlamento inglês e a luta contra índios e francese.
       Se por um lado os fatores de união podem ter favorecido a criação, em 1776, de um país novo e independente; por outro lado, os fatores de diversidade podem ter colaborado nas hesitações na escolha 
do modelo político a adotar após a independência.
      O descontentamento econômico dos colonos contra os ingleses começou após a Guerra dos Sete Anos, travada por franceses e ingleses, e que se estendera em território Americano. Após a Inglaterra se firmar vitoriosa, cobrava aos americanos, em troca da proteção concedida a estes, vários impostos, de maneira a recuperar-se do esforço da guerra. Em 1764 e 1767 o Parlamento britânico decretou taxas aduaneiras sobre a importação de certos produtos e criou o imposto de selo.
      Além disso a região que os colonos revindicavam, a oeste, para se expandirem territorial e economicamente, foi considerada propriedade dos índios pelo governo britânico.     
      Outro motivo de descontentamento foi a falta de liberdade comercial. Os americanos só podiam exportar para a Inglaterra e colônia inglesas e para importar, só por intermédio de Londres.
      Os descontentamentos alcançaram também a política, uma vez que os colonos americanos tomaram consciência de que, apesar de serem cidadãos britânicos, não estavam representados no Parlamento de Londres. Com isso não consideravam legais o impostos votados. 
       Face a revolta, realizou-se, em 1765, um congresso em Nova Iorque, contra a importação das leis. Os protestos deram frutos, e em 1770 os impostos foram abolidos, à exceção daqueles que diziam respeito ao chá, uma vez que seu monopólio pertencia a Companhia das Índias. Como forma de revindicação, em 1773, em Boston, os colonos, desfarsados de índios, invadiram um navio da Companhia das Índias e lançaram ao mar todo o carregamento de chá, no evento que ficou conhecido por Boston Tea Party. O rei Jorge III reagiu com medidas repressivas.          
       Em 1774, no Primeiro Congresso da Filadélfia, os colonos ainda tentavam uma solução negocial; porém nas ruas organizava-se um movimento revolucionário armado. Em 1775 ouviram-se os primeiros tiros da revolução, com este violento encontro findou-se as possibilidades de negociação.
     No dia 4 de julho de 1776, os delegados de todas as colônias aprovaram a Declaração da Independência no segundo Congresso da Filadélfia.
   Apesar da Declaração da Independência os conflitos prosseguiam sob o comando de George Washington. Mais tarde, em 1778, os americanos ganham o apoio dos franceses, que ajudavam com armas, soldados, dinheiro e barcos. Este apoio se justificava pela vontade de revanche deste país em relação a derrota na Guerra dos Sete Anos.
   Foi graças ao apoio de franceses e espanhóis e à ação diplomática na Europa que a vitória sobre os ingleses se tornou possível. Foi em 1783 que colonos e ingleses assinaram o Tratado de Versalhes, no qual a Inglaterra reconhecia a independência das 13 colônias e os franceses recuperavam alguns dos territórios perdidos em 1763.
     Pela primeira vez na história os ideais iluministas de liberdade e igualdade foram postos em prática, gerando a criação de um novo país.
    Em 1787 a Constituição definiu o modelo político do novo Estado independente: foi instituída a República dos Estados Unidos da América. Nesta o poder legislativo foi entregue ao Congresso, composto pela Câmara dos Representantes e pelo Senado. O poder executivo coube ao Presidente e por último o judicial passou a ser responsabilidade do Tribunal Supremo e tribunais inferiores.
     Em resumo, a Revolução Americana deu início a uma vaga de revoluções liberais que correram entre os séculos XVIII e XIX e que puseram fim ao sistema do Antigo Regime baseado no Absolutismo e na sociedade de ordens. Estes movimentos instituíram a soberania popular, a separação dos poderes, a livre iniciativa econômica, a tolerância religiosa es descolonização.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

A História da Igreja Católica

Uma busca por riqueza e poder



       Quando olhamos para o passado, ao vermos histórias sobre as duas grandes guerras e sobre o Nazismo nos horrorizamos com as matanças, tendo estas como grandes tragédias da humanidade; em que seres humanos foram tratados de forma que nenhum ser vivo deve ser tratado. No entanto nos esquecemos de outra grande tragédia, talvez muito mais cruel que as outras citadas, esta, foi chamada de Santa Inquisição.  
       A Santa Inquisição apesar de ser criada e executada pela Igreja Católica não foi um movimento religioso e com a finalidade de satisfazer as vontades de Cristo como era, na época, justificado pela Igreja, mas sim foi criado por interesses econômicos. É fato que os fiéis eram grande fonte de riqueza á Igreja, e perdendo-os consequentemente perde-se dinheiro.
       Entre as ações absurdas realizadas pela Igreja estão, a venda de pedaços do céu, assim quando as pessoas morressem teriam um lugar garantido no céu. A venda de indulgências, ou seja, para serem perdoadas as pessoas tinham de pagar por isso. Além de cobrar diversos impostos. A população também tinha de obedecer as regras da Igreja, caso contrário poderiam ser condenadas por heresia com penas que podiam chegar a morte. 
       Devemos lembrar que as mortes não eram rápidas, antes de morrerem as pessoas tinha de passar por terríveis torturas. Haviam diversos métodos de tortura com, Roda de despedaçamento, Berço de Judas, Garfo, Garras de Gato, Pera, Máscaras, Cadeira, Cadeira de bruxas, entre outros.
Haviam também diversos métodos de execução, os mais comuns eram a guilhotina, a forca, a cremação, espada, machado e cepo. Porém estes não eram os únicos, os métodos eram dos mais variados.
       Durante este período a Igreja Católica usou do nome de Jesus Cristo para justificar os assassinatos realizados, usando assim uma grande máscara de Cristianismo. Afinal, em nenhum lugar nas Sagradas Escrituras Jesus matou alguém que discordasse dele, tampouco ensinou que seus seguidores o fizessem e nenhum dos apóstolos deu essa instrução no Novo Testamento.
       Outra das pregações de Cristo era a humildade, o amor e o respeito ao próximo. Isso foi realizado pela Igreja? Não, pelo contrário, não teve piedade muito menos respeito pelo outro. Além disso, era detentora de enormes riquezas e grande posse de terras, também de prestigio e status, estando no ápice da pirâmide social feudal durante a Idade Média, a cima do próprio Senhor feudal. 
       Por ser dona de grandes riquezas e terras, a Igreja dispunha de grande poder econômico e político. Interferindo, ou até mesmo decidindo questões do Estado. Isso não ocorre somente na Idade Média, mas também foi presença marcante durante a era do Absolutismo.  
Martin Lutero
1483 - 1547
       Durante anos a Igreja foi dona de um grande poder, e então surge Lutero, um membro da Igreja, que era contra os abusos praticados por esta, com suas Noventa e Cinco Teses, que defeitos da Igreja. Isto desperta no povo inglês uma grande indignação e insatisfação perante a Igreja, gerando revoltas, protestos, o desejo de mudança aflora na pele do povo. Os frutos colhidos foram o surgimento de uma nova igreja, a Luterana, e a conquista de muitos adeptos.
       Lutero pregava que o lucro não era pecado – ao contrario do que dizia a Igreja Católica - e sim presente de Deus. Aquele que lucrasse e ficasse rico era porque Deus o amava. Com isso Lutero ganhou muitos seguidores, principalmente burgueses, uma vez que esta era uma classe mercadora e visavam o lucro, agora praticavam seu oficio sem serem condenados pela religião.
       As ideias luteranas continuaram vivas e influenciaram personalidades como o grande rei Henrique VIII da Inglaterra (para saber mais sobre este rei, leia a publicação: “Henrique VIII: Um retrato do Absolutismo Parlamentar”) que ao ser excomungado da Igreja Católica por querer a anulação de seu casamento, cria sua própria Igreja, a Igreja Anglicana – que segue ideais luteranos. Esse fato mudou para sempre a vida da nação inglesa, que ainda hoje segue a Igreja de seu tão adorado rei Henrique VIII.
       Enfim concluo que não devemos ser contra a Igreja Católica, nem mesmo defende fielmente seu negro passado; devemos apenas olha-la com um olhar crítico e saber absorver o que julgamos bom, o que queremos para nós; e rejeitar o que não queremos.


quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Henrique VIII: O Retrato do Absolutismo Parlamentar


       A dinastia Tudor se inicia com o reinado de Henrique VII. Este casou-se com Elizabeth de York, com ela teve quatro filhos, Arthur, Henrique, Margaret e Mary. Por interesses políticos casou Margaret com James IV da Escócia e Mary com Luís XII da França. O primogênito, Arthur, ele uniu à princesa espanhola Catarina de Aragão em 1501. Arthur morreu de malária em 1502, a viúva Catarina de Aragão foi impedida de sair da corte, afinal o rei não havia recebido parte do dote da princesa e, por isso, não dera a ela todas as rendas previstas no contrato nupcial, assim os pais de Catarina não permitiram que ela voltasse à Espanha.


       Henrique VII morreu em 1509, aos 59 anos. Seu sucessor foi Henrique VIII, na época com 17 anos. Casou-se com Catarina de Aragão e no mesmo dia foram coroados rei e rainha da Inglaterra na Abadia de Westminster. Henrique era culto, atlético e falava vários idiomas. Aumentou a frota de cinco para 53 navios. Mas não era pacífico. Seu reinado foi o que teve mais execuções na história da Inglaterra: 330 mortes, entre 1532 e 1540. 

       No seu casamento com Catarina de Aragão não teve filhos sobreviventes, apenas uma filha, a princesa Maria. No entanto entregar a coroa a uma mulher enfraqueceria o reino. Com isso o rei pediu a anulação do seu casamento, porém o Papa recusou-se a aceitar seu pedido. Henrique continuou tentando a anulação, alegando que não teria filhos homens com Catarina, pois quando um homem desposa a mulher de seu irmão, Deus não o concederá filhos homens. Em quanto ocorriam as negociações para a anulação, Henrique se apaixonou por Ana Bolena, dama de honra da rainha. Casou-se secretamente com ela.

       O magnetismo sexual e a forma como ela cativou aqueles ao seu redor é bem documentada. “Foi essa diferença, bem como sua sagacidade, inteligência e efervescência, que atraíram o rei”, escreveu Richard Bevan, jornalista que trabalha em um roteiro sobre Ana. Além disso, Ana Bolena não foi somente a mulher do rei, ela teve grande importância na reforma religiosa.  

       Após a Papa descobrir o casamento do rei com Ana Bolena o excomungou, Henrique respondeu se separando da Igreja Católica. Criou a Igreja Anglicana, em que o rei era o chefe religioso, era permitido o divórcio e não obedecia a Roma. A decisão foi confirmada em 1534, no Decreto de Supremacia (Act of Supremacy).

        "A separação da Inglaterra da Igreja Católica foi subproduto da obsessão por um herdeiro", diz Heather Thomas. Porém Ana Bolena também não teve filhos homens vivos, apenas uma menina a futura rainha Elizabeth. 

       Henrique envolveu-se com Jane Seymour. Para que pudesse se casar com Jane, Henrique acusou Ana de traição e bruxaria. "Eram 8 horas da manhã de 19 de maio de 1536. Vestida com roupão preto coberto por um manto branco, Ana Bolena encaminhou-se para a execução. Não negou as acusações e elogiou seu marido, dizendo que o amava. Foi vendada e esperou poucos segundos até o carrasco lhe cortar o delicado pescoço", afirma Bevan.

      No seu casamento com Jane nasceu Eduardo, o tão esperado herdeiro do rei. Jane morreu doze dias depois por complicações no parto. Após sua morte Henrique se isolou do mundo sem ver ninguém a não ser seu bobo da corte. Desenhava castelos e escrevia poesias.

       Depois de um tempo voltou a governar a Inglaterra. Foi arranjado a ele um casamento com Ana de Cleves. Depois de receber um retrato e descrições da noiva decidiu casar-se. Ao vela pessoalmente, o rei não agradou de seu aparência, no entanto casou-se assim mesmo. Mas o casamento não foi consumado e durou pouco tempo.

        Em 28 de julho de 1540, Henrique casou-se com a jovem Catarina Howard, de apenas dezessete anos. Não foi uma rainha amada pelo povo, afinal não sabia se portar como uma. Foi executada sob acusação de adultério, e seu casamento com Henrique foi rapidamente anulado.

       O último casamento do rei foi com a rica viúva Catarina Parr. O casamento foi, ao contrário dos outros, pacífico e sem complicações. Catarina Parr era uma mulher culta e esteve no comando da Inglaterra enquanto Henrique VIII combatia na França. Além disso Cataria era protestante e chegou a escrever um livro com este mesmo ideal. Ela também teve uma boa relação com os herdeiros ou trono inglês.


       Henrique VIII morreu no dia 28 de janeiro de 1547, no Palácio de Whitehall aos 55 anos. Acredita-se que este grande monarca inglês sofria de gota e diabetes tipo II e isso pode ter antecipado sua morte.

       Seu sucessor foi seu único filho sobrevivente Eduardo, que assumiu o trono e se tornou Eduardo VI. Como este tinha apenas nove anos foi nomeado um Conselho de Regência que até Eduardo atingir a maioridade. No entanto, ele morreu perto dos 17 anos, vítima da tuberculose.

       Com a morte de Eduardo VI, Maria filha de Catarina de Aragão passou a ser a Rainha da Inglaterra. Maria restaurou o catolicismo e o crime de heresia.  Ficando assim conhecida como “A Rainha Sangrenta”.

      Agora o trono pertencia a Elizabeth I. Esta não se casou, ficando assim conhecida como “A Rainha Virgem”. Por não se casar não teve herdeiros ao trono.

       Com a sua morte, chaga o fim de mais de um século de poder Dinastia Tudor, que teve dois dos maiores monarcas ingleses, Henrique VIII e Elizabeth I.





quinta-feira, 5 de julho de 2012

A Maçã


       Este é um jornal feminista do século XIX, baseado na realidade feminina da época.  
       O jornal é parte de um trabalho realizado em julho de 2010, apresentado no Coecin (Feira do Conhecimento) da escola Coeducar - Viçosa, Minas Gerais, Brasil. As quatro escritoras são: Marina Resende, Cecília Resende, Isadora Urbano e eu (Marina Mendonça), na época alunas do 9º ano. O trabalho foi supervisionado por Carla Beatriz e Maura Crepalde, professoras de Língua Portuguesa e História, respectivamente. Também contamos com a ajuda do professor de Geografia, Guilherme Monteiro, que nos ajudou na escolha do nome e na elaboração do editorial. Outra ajuda de grande importância foi a leitura do jornal A Família, um verdadeiro jornal feminista do século XIX.

1º e único exemplar do jornal A Maçã


 EDITORIAL.
      A maçã não é apenas um pomo de pele rubra e polpa branca, é também o símbolo do conhecimento, o fruto proibido da árvore da ciência, ingerido por Adão e Eva ainda na aurora dos tempos.
      Eva comeu do fruto e levou-o a Adão. Ao morderem-no os dois ficaram cientes de tudo que lhes acontecia, souberam de todas as coisas boas e ruins. Ao longo dos séculos, acreditou-se que a mulher era a culpada por levar Adão ao pecado.
     Mas não seria Eva responsável por levar o bem da ciência à humanidade?
     Esse periódico pretende ser a maçã dos tempos atuais, nos quais parece ter sido perdido o saber. Tem como objetivo trazer a luz do conhecimento às mulheres e, dessa vez, tirá-las de um outro lugar, um outro paraíso, dado por uma sociedade machista conforme o gosto de seus eternos patriarcas. 

CRÍTICA.
Aqui está o triste espelho do modo como vivemos (e depois tornam a nos exigir a resolução de todos os assuntos relativos ao lar!):


Esposa: John! Onde está o resto de nosso salário? 
Como eu vou pagar o aluguel e comprar comida para as crianças?
Marido: Cale a boca! O que eu faço com meu dinheiro não é problema seu.

    HOMENAGEM.
 Reservo o presente espaço para homenagear brilhantíssimas mulheres que, nessas últimas décadas, levantaram-se e romperam barreiras para protestar e causar alguma mudança.
 Cito Nísia Floresta Brasi-leira Augusta, autora de diversos livros em prol da emancipação. 
 Lembro o nome de Josefina Álvares de Azevedo, fundadora do jornal “A Família”, grande voz de protesto.
 Chamo, ainda, a pessoa de Francisca Senhorinha da Motta Diniz, dona do ousado semanário O Sexo Feminino.
“Queremos a instrução pura para conhecermos nossos direitos, e deles usarmos em ocasião oportuna. Queremos, enfim, saber o que fazemos, o porquê e pelo que das coisas. Só o que não queremos é continuar a viver enganadas” – F. S. Motta Diniz
- C. R. Santos

CHRONICA DA VIDA QUOTIDIANA.
 Certa vez, num jantar em casa de um conhecido, a mulher do anfitrião contava sua rotina a um grupo de convidados. A descrição era enfadonha, mas curta. O dia resumia-se a cuidar dos filhos e do marido, quando este estava em casa, e alvoroçar-se com as vizinhas. Repito, era um discurso enfadonho, pois que se aplica mais ou menos igual a todas as mulheres deste nosso tempo. 
 Estamos sempre servindo aos maridos e aos filhos, quando homens, posto que grande parte do que fazemos a nossas filhas vai, direta ou indiretamente, servir aos seus futuros maridos. Vivemos sob a constante avaliação dos nossos esposos e da sociedade que controla, com uma versão inusitada da mão invisível de Smith, esse comportamento nosso.
 Ninguém se surpreenderia agora, se ficasse sabendo que o anfitrião do dito jantar não conteve um meio sorriso de orgulho ao ouvir o relato de sua mulher. Pois sua esposa não era um exemplo? e toda ocasião não é ocasião de promover-se? e a senhorinha não estava cumprindo muito bem o seu papel, afinal? 
 Essas conclusões refletem bem o que aqui tento evidenciar. O dia-a-dia da mulher, segundo a ética da sociedade, deve ser em casa; foi reservado a ela o trabalho de cuidar dos filhos e das costuras e dos homens, que não sabem cuidar-se de si próprios, e nada mais. Qualquer cousa mais leva a cochichos, burburinhos, escândalo. E isto é simplesmente o manifesto de uma pressão realizada continuamente pelo meio, infelizmente conformada e, muitas vezes, aceita.
 “Desesperai, mulheres que não seguirem este padrão! voltai correndo para tuas casas, e praticai os bons modos! pensai e chorai, chegai até o âmago de teu franzino ser, e, quando voltar ao juízo, aprendei de uma vez o teu lugar”. 
 Isto não quero mais ouvir.
- C. R. Santos

A EDUCAÇÃO NOS NOSSOS TEMPOS.
Caras companheiras, vivemos numa sociedade em que nossos direitos são reprimidos e inescrupulosamente vetados. Nossas obrigações básicas, ditadas à risca por homens de mente estreita, são a submissão e subserviência. Em tese, não deveríamos lutar por melhorias, porque somos consideradas o sexo frágil e desprotegido, o qual não pode obter conhecimento ou qualquer autonomia para liderar conscientemente a própria vida. 
Trago à tona um dos temas mais preocupantes da nossa condição, feminina. A educação.
Amigas, não é revoltante que passemos por tudo isso com a voz abafada pela discriminação?
Dentro de casa, passamos por conflitos familiares, violência doméstica – tanto física quanto psíquica -, depressão. E por quê? Por que nos submetemos a isso? 
Impuseram-nos necessidades que antes não existiam, levando em conta o nosso valor. Podemos mais que apenas chamar a atenção com cabelos, pele, roupa, jóias e modos expostos a julgamento. 
Os homens hoje acreditam que devemos desenvolver habilidades como o encanto e a sedução, o adestramento do espírito, se quisermos conquistar, efetivamente, alguma influência. Vêem-nos como uma raça inferior. E é exatamente esta a visão extremista que nos vem sendo transmitida há gerações. Nossos pais trataram assim nossas mães, e do mesmo modo os nossos maridos e filhos nos tratarão, se não dermos um “basta” a isso.
Em quem nos inspiramos até hoje? Não é possível negar que somos reflexos de nossos pais, em todas as suas atitudes e pensamentos, até que resolvamos perceber o quão ridículo é o papel a que nos sujeitamos. Nós, mulheres, sofremos muitas privações se quisermos seguir o modelo burocrático e artificial do século, no qual estamos estagnadas pelo preconceito e pelas limitações provenientes do machismo arraigado, obstinado.
O que esperam de nós é que passemos horas na toalete, recebamos visitas, passeemos nos bulevares e jantemos fora. Não podemos isolar-nos em casa, pois nossa vida social, teoricamente, é mais importante e apropriada que o contato com nossos familiares. Acreditam que nosso espírito deveria ser nutrido pela constante aprovação – ou não, pela qual somos sufocadas.
Não devemos manter-nos passivas à situação. Devemos intervir de forma crítica. Não criticar de modo despropositado, e sim tendo fundamentos e convicção sobre o que queremos reivindicar. E são os nossos direitos, nossos direitos de cidadãs, que nos foram tomados sem qualquer premissa.
A obrigatoriedade escolar surgiu na Prússia, com Frederico Guilherme I, que ainda no século XVIII aplicou a norma num grande Estado. Frederico Guilherme II, seu sucessor, colocou em prática o conceito do ensino laico (totalmente dissociado da Igreja); com o Regulamento geral nacional escolar assegurou a obrigatoriedade escolar para todas as crianças entre cinco e catorze anos e moveu a preparação de mestres.
No fim do século, com a Revolução Francesa, tivemos a Assembléia Constituinte, a Assembléia Legislativa e a Convenção – girondina e jacobina -, que trataram da educação pública.
Se desejássemos um sistema de ensino igualitário e eficiente, deveríamos inspirar-nos nesses modelos para alcançá-lo. Deve haver a obrigatoriedade do ensino de acordo com a faixa etária; o ensino deve ser gratuito; a Educação deve ser verificada (em outro termo: controlada) pelo Estado; deve haver uma rede de escolas; a contratação de professores deve ser regularizada, tal qual os currículos e padronização do ensino; devem haver órgãos e verba, especificamente para as questões educacionais.
Da independência do país até 1822, todas as questões relacionadas à educação 
provinham do Governo Imperial. Podem já deduzir que o Governo Imperial foi constituído por homens, e estarão corretas.

Em 1824, Pedro I estipulou na Constituição a instrução primária, gratuita para todos os cidadãos. Inicialmente, foi um avanço, mas a prática mostra que só o ensino primário não é suficiente. Queremos saber mais! Negam-nos a luz do conhecimento por razões recrimináveis. Caras mulheres, acredito que não somos, de forma alguma, o sexo frágil. Não disponibilizam-nos o conhecimento por medo, já que temos muitos mais planos e autocontrole. Percebem em nós a natureza para o domínio dentro do lar, onde, mesmo com todas as formalidades, seguindo a etiqueta, orientamos nossos filhos, ouvimos nossos pais, cuidamos de casa, comida, roupa. 
Em 1840, a Bahia já tinha posse de 132 escolas primárias. 124 das mesmas eram masculinas. Apenas oito eram direcionadas ao público feminino.
No ano de 1870, o Barão de São Lourenço, então presidente da província reformou amplamente o sistema educacional, podendo-se dividir a reforma em quatro subtítulos: Escola Normal dos Homens, Escola Normal das Mulheres, Reforma do Liceu e Reforma da Instrução Primária. O curso de formação de professores também foi modificado na ocasião. O masculino seria de dois anos e externato, enquanto o feminino seria de três anos e regime interno.  
1871. O Barão passou a admitir cursos primários mistos. Meninos de até sete anos poderiam estudar em colégios femininos.
Em 1881, o ministro Leôncio de Carvalho introduziu ao ensino primário as disciplinas de Lição de Coisas, Civilidade, Desenho Linear e Elementos de Ciências Naturais.
Em 5 de setembro de 1889, foi sancionada a lei de recomendação da abertura de novas escolas mistas. Recomendava também o uso de processos intuitivos, o horário letivo de seis horas diárias e regime de internato.
A obrigatoriedade dos estudos, mesmo sendo muito sugerida e incentivada, não teve realização, distanciando ainda mais a pretensão de educação básica universal, só ocorrendo depois do advento da República. Como sempre, preferem manter poucos com o conhecimento que todos deveriam obter!  
Devemos unir-nos, expressar nossas opiniões, sim. É disso que nossa sociedade, afinal, precisa! Estamos fartas de lenços e modos, precisamos de atitude! 
- I.R.Urbano


 SOBRE A MULHER E AS PROFISSÕES.
Entristece-me ver como os homens de faces e escritos os mais revolucionários caem-se, ao se tratar de mulheres, nas seguintes afirmações: “a mulher é destinada a servir à vida e ao coração dos homens e de seus filhos; e é este seu único ofício”, ou ainda “a cabeça e pensamento da mulher não foram moldados a fim de raciocinar, produzir e contar. Declara-se em seus atos sua fragilidade e incompetência para com os trabalhos de homem – política, economia, comércio, jurisdições e outras tantas complexidades do nosso sistema”. 
Irrita-me em profundidade ler ou ouvir de um entusiasta da melhora da educação e instrução da mulher, e erradicação de sua ignorância, a afirmação de algo que se traduziria como ignorância inata da mulher: sua incapacidade de atuar nos ramos e labores a que se dedicam os homens, seja por sua fraqueza e instabilidade ao lidar com o ambiente corporativo; seja pela infundada conclusão de que uma mulher que trabalha abandona à própria sorte os filhos e o marido (ora, querem dizer então que eles é que de nós dependem?). Contradizem-se com freqüência, vê-se.
Muitos clamam que a mulher, num meio de trabalho, seria exposta às regras de conduta masculina, que por sua vez a humilhariam e lhe tirariam a dignidade – dizem “pobres delas! Engolem disparates e ofensas para depois derramarem suas mágoas em casa, onde confusas, não entendem que se submetem a condições que não foram a elas designadas”. O desrespeito dos homens não nos deterá, devem saber - até porque, o desrespeito e limitação silenciosos nos cortam com faca muito mais afiada.
Já aqueles que, com superficial tom de ultraje, falam do abandono da família, nada mais podem dizer se, por luta tanto masculina quanto feminina, for reduzida a pesada carga horária e engordados os salários e reafirmados os direitos de tratos e saúde básicos do trabalhador, contribuindo de um modo geral para o bem-estar de todos os membros da família e presença atuante dos pais e mães na vida dos filhos. 
Ainda há alguns que, agora para meu ultraje, resistem, dizendo que a mulher, diante de um primeiro e natural (por sua condição de fraqueza e inadequação) fracasso na execução de um labor “masculino”, como a política, se torna obcecada pelo êxito, dedicando-se com tão cego afinco ao seu melhoramento que se esquece de seus familiares e dos cuidados que a ela cabe, por obrigação, lhes dar. A mim me parece, em contrapartida, que negligenciar os filhos é o que os homens já fazem, pois perderam a noção de que o amor à criança supera as ambições.
Afirmo ainda que “incapacidade inata" não temos, pois muitas mulheres já se provaram inclusive mais capazes que homens, guerreiras fiéis tais como Joana D’Arc e as lutadoras da Revolução de 1794; pensadoras contundentes como Olympes de Gouges; e as heroínas anônimas de todos os dias, que passam despercebidas, encobertas por um véu preso a correntes.
De fato, se há uma falta de habilidade, esta nos foi criada, ou imposta. Poderíamos aprender os ofícios da política e das leis, e dos cálculos e medidas, e do próprio ensinar e da história, e das artes médicas (no estrangeiro criaram-se as primeiras escolas de enfermagem para mulheres, a muito custo e suor destas, que desejo com fervor que se alastrem por nossas bandas), se nos fosse concedida a oportunidade, sendo que o labor e a instrução devem estar ligados. Não conheço um cavalheiro que saiba coser e cozinhar, mas, se desafiados, todos se diriam capazes de aprender.
Tendo rebatido as principais afrontas ao trabalho da mulher, luto pela igualdade de todos os ofícios e profissões, pela abertura dos auditórios e mesas redondas e universidades às mulheres. Se reivindicamos educação, representatividade, voto, poder de escolha; reivin -dicamos o exercício dos labores hoje existentes, que trazem consigo nossa plena independência.

PARTE II – CONSIDERAÇÕES ACERCA DO TRABALHO DA MULHER.

Em nossa belíssima Constituição, um artigo concede às mulheres o direito de trabalhar em empreendimentos privados, vetando–lhes o de ocupar cargos públicos. E, mesmo com este direito, pouco se faz dele uso, pois “a mulher que se preza”, diz-se, “não trabalha”, e a mulher pobre que tem de trabalhar ou não trabalha em empresa alguma, conseguindo de seu trabalho lavando e capinando e cozinhando um sustento próprio, irregular; ou trabalha numa empresa tal como fábrica e afins, e mesmo assim tem dificuldade de ser aceita para o operariado. Tanto como autônoma quanto como operária, a mulher é desrespeitada no ambiente de ofício. Se for de estirpe ou bem casada, ai daquela que, com uma –à custa disfarçada– falência da casa, faz-se a bordar, preparar doces, dar aulas de música, cuidar de crianças, pois tudo ao seu redor, especuladores e familiares e até o esposo, passam a diminuí-la em seu conceito.
Quanto a cargos públicos, conquistá-los é mister. É-nos proibido o acesso justo ao patamar mais influente da esfera dos trabalhos. Postar-se próximo a um governante é tudo nessa acirrada disputa por poder, o querer primeiro dos homens. Jamais se permitiria a uma mulher tal representação e alcance, mas talvez seja justo disto que precisemos para dar continuidade à nossa luta.
Pouco sabem os homens que as mulheres são a chave para aquilo que se movimenta em seu pensar, e que não distinguem. O que não faríamos para mudar um governo que nos traz insatisfação? Já é possível ver que a deposição do imperador não basta. É o anseio por mudança que acorda e bate sinos, à espera de que ao menos o som feroz das badaladas faça quebrar as muretas e colunas e portas trancadas de uma estrutura arcaica e secular.
- M.R.Santos

O VOTO.
Estamos em pleno século XIX e é terrível pensar que a mulher tem apenas a função de cuidar da casa, dos filhos, serem submissas aos homens e engolirem uma sociedade totalmente patriarcal e machista. 
E lembro a todas que também não temos acesso às mesmas informações que os homens, principalmente no que se refere à escola e ao saber.
Além disso, não somos respeitadas, nem mesmo consideradas cidadãs. Tanto que atualmente, quem pode votar são apenas os maiores de 21 anos, alfabetizados e do sexo masculino. Apesar de na década de 70 do séc. XIX ser aprovada a emenda constitucional nº. 15 que garantira o direito ao voto aos homens de qualquer raça, cor e condição social. E diante disso nos perguntamos onde estão os nossos direitos? Onde está o nosso lugar na organização da sociedade? Não podemos mais ficar paradas assistindo a tudo isso acontecer. Temos de lutar pelos nossos direitos, pois, em relação aos homens estamos no mesmo patamar de igualdade, nem piores, nem melhores. Sendo assim não devemos ser submissas a eles.
Minhas amigas, temos de lutar e mostrar a eles que queremos o nosso lugar na política, queremos votar e governar. Assim poderemos decidir a nossa própria vida e o nosso Futuro.
E fico a pensar, por que temos que seguir regras ditadas pelos homens? Estes que são incapazes de organizar um lar e uma família, e por isso que nos encarregam disso, como podem ser capazes de organizar e governar um Estado?
- M. L. Mendonça

A INDUMENTÁRIA.
Sabemos muito bem o que são as vestimentas femininas, pois todos os dias gastamos o nosso tempo vestindo várias camadas de roupa.
 Revolto-me sempre que penso nesse assunto, no qual mais uma vez os homens impõem suas regras sobre nós, e assim inocentemente aceitamos.
Mas por que temos de usar espartilhos e anáguas pesadíssimas? Temos que agradá-los sempre? Eu quero sentir-me livre disso, não quero ficar me sacrificando apenas para ter um corpo perfeito imposto pela sociedade, ou melhor, pelos homens (como sempre).     
Vivemos apenas para servir o homem, e qual a utilidade disso? Transformamos a vida deles num paraíso, enquanto isso a nossa é um verdadeiro inferno.
- M. L. Mendonça

A JUSTIÇA.
Sabemos muito bem que assim que nascemos já somos julgadas pelo simples fato de sermos mulheres, e não por motivos
concretos. Isso vem de fatos acontecidos há milhares de anos,
com o primeiro casal do mundo, no qual Eva da o fruto do
conhecimento a Adão e é tida como a culpada de trazer o
pecado ao mundo.  
  Assim temos hoje leis diferentes para homens e mulheres, o que considero um absurdo, pois somos iguais aos homens e
nosso julgamento não deve ser diferente.
Um ótimo exemplo disso é a questão da fidelidade. Enquanto temos de ser puríssimas e fiéis aos nossos maridos, eles nos traem bem embaixo dos nossos narizes, e temos de aguentar caladas. Se fizermos o mesmo, somos duramente castigadas, condenadas por adultério com penas que chegam até a morte. E os homens saem impunes, e dizem das prostitutas que são um mal necessário!
- M. L. Mendonça

CIDADÃ OU CIDADOA.







[Publicado em A Família, 7 dez. 1889. p. 5. – Josefina Álvares de Azevedo]


Manda a 
República agora
novo trato em moda pôr
já se não diz mais – senhora,
Ninguém mais já tem – senhor.
Excelência nem por graça;
foi-se a moda cortesã.
Dama altiva agora passa
a chamar-se cidadã.
Cidadã ou cidadoa, 
pouco ao caso vai também.
Cá por mim, que tudo entoa,
vai a moda muito bem.
Como entanto há quem procura
diferenças no tratar;
para aquela que isso apura
bom conselho tenho a dar.
Dama nobre, d’alta proa,
d’espavento, tigre, enfim,
chamaremos cidadoa,
que melhor parece assim.
Bela dama, dona antiga,
sempre amável, boa e chã,
essa tratável amiga,
chamaremos – cidadã.
Cortejando, uma pessoa
deve dizer com afã:
- Saúde e paz, cidadoa;
- Paz fraterna, cidadã.

CENTENÁRIO.
Comemoramos nesse ano, de 1894, o centenário da Revolução Francesa.
Comemoramos, então, um século da luta pela “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, admirável meta que ainda não foi alcançada. Homenageamos as mulheres que lutaram e guerrearam pelos seus direitos, destemidas, mesmo sem sucesso absoluto.
Se aquela luta trouxe o que almejavam os homens, agora, é nossa vez de revolucionar. Avante!


CITAÇÕES.
"(...) os pais acreditavam que uma educação séria para suas filhas era algo supérfluo: modos, música e um pouco de francês seria o suficiente para elas. Aprender aritmética não ajudará minha filha a encontrar um marido, esse era um pensamento comum. Uma governanta em casa, por um breve período, era o destino habitual das meninas. Seus irmãos deviam ir para escolas públicas e universidades, mas a casa era considerada o lugar certo para suas irmãs. Alguns pais mandavam suas filhas para escolas, mas boas escolas para garotas não existiam. Os professores não tinham boa formação e não eram bem educados. Nenhum exame público (para escolas) aceitava candidatas mulheres".
 (Louisa Garrett Anderson, depoimento escrito de 1839)
"Permanecer solteira era considerado uma desgraça e aos trinta anos uma mulher que não fosse casada era chamada de velha solteirona. Depois que seus pais morriam, o que elas podiam fazer? Para onde poderiam ir? Se tivessem um irmão, poderiam viver em sua casa, como hóspedes permanentes e indesejados. Algumas tinham que se manter e, então, as dificuldades apareciam. A única ocupação paga aberta a essas senhoras era a de governantas, em condições desprezadas e com salários miseráveis. Nenhuma das profissões eram abertas as mulheres; não havia mulheres nos gabinetes governamentais; nem mesmo trabalho de secretaria era feito por elas. Até mesmo a enfermagem era desorganizada e desrespeitada até que Florence Nightingale a tornasse uma profissão ao fundar a Nightingale School of Nursing (Escola Nightingale de Enfermagem) em 1860".
(Louisa Garrett Anderson, depoimento escrito de 1860)
“As mulheres devem ter o direito de subir à tribuna, já que têm a obrigação de subir ao cadafalso” - Olympes de Gouges, revolucionária francesa do século XVIII.



Lugares que visitei









Portugal


  • Castelo de Palmela - Palmela (Setúbal)

 
O castelo de Palmela é uma construção muito antiga sendo edificada por volta do século IX. Além disso é provável que tenha origem árabe.
Para saber mais sobre o castelo leia o arquivo PDF:
http://www.palmela2011.com/wp-content/ficheiros/palmela_castle_history_pt_es_en_fr.pdf














  • Mosteiro dos Jerónimos - Lisboa 






    O Mosteiro dos Jerónimos foi encomendado pelo rei D. Manuel I, após Vasco da Gama ter regressado da sua viagem a Índia. É um mosteiro manuelino, e mostra claramente a riqueza gerada pelos Descobrimentos portugueses. As margens do Rio Tejo o Mosteiro exibe todo o esplendor da arquitetura do século XVI, sendo um notável conjunto monástico em Portugal e uma das principais igrejas-salão da Europa.

          Recebe este nome por em 1834 ter sido entregue à Ordem de São Jerônimo.

       Na Igreja do mosteiro encontra-se os túmulos dos reis D. Manuel I e sua mulher, D. Maria, D. João III e sua mulher D. Catarina, D. Sebastião e D. Henrique e ainda os de Vasco da Gama, de Luís Vaz de Camões, de Alexandre Herculano, de Fernando Pessoa e outros.

       Após 1834, com a expulsão das Ordens Religiosas, o templo dos Jerónimos foi destinado a Igreja Paroquial da Freguesia de Santa Maria de Belém.

     Numa extensão construída em 1850 está localizado o Museu Nacional de Arqueologia. O Museu de Marinha situa-se na ala oeste. Integrou, em 1983, a XVII Exposição Europeia de Arte, Ciência e Cultura.



















  • Torre de Belém - Lisboa 


        A Torre de Belém é um dos monumentos mais belos da cidade de Lisboa. Localiza-se na margem direita do rio Tejo, que um dia existiu a praia de Belém. Quando foi construída era totalmente cercada pela água e assim permaneceu durante anos. No entanto agora a Torre se encontra em terra firme.

       No monumento podemos observar vários elementos nacionalistas, como o Brasão de armas de Portugal e cruzes da Ordem de Cristo. A arquitetura é típica de uma época em que o país era uma grande potência mundial – início da Idade Moderna.

       Classificada como Património Mundial pela UNESCO desde 1983, foi eleita como uma das Sete maravilhas de Portugal em 7 de julho de 2007.






  • Marco do Descobrimento - Lisboa 
Construído as margens do rio Tejo, pelo ditador Salazar, o monumento marca o local de onde partiram as caravelas portuguesas que chegaram a América.







Espanha

  • Muro de Berlim - Sevilla 
Muro de Berlim - Berlim, Alemanha
       Encontra-se no parque temático "Isla Magica" uma pequena parte do Muro de Berlim, e foi esta parte que tive o prazer de ver.


       O Muro de Berlim foi construído na madrugada de 13 de agosto de 1961. Este dividia a cidade de Berlim ao Meio, de um lado a República Democrática Alemã e do outro a República Federal da Alemanha

       Este muro também teve um valor simbólico, ele dividia o mundo em duas partes, em dois blocos, o socialista, guiados pela República Soviética e o capitalista, comandados pelos Estados Unidos.


Pedaço do Muro de Berlim - Isla Magica, Sevilla, Espanha