sábado, 19 de outubro de 2013

Antigo Regime: A Sociedade de Ordens

Entre o século XVI e fins do século XVIII, a Europa viveu o que os historiadores chamam de Antigo Regime, sendo esta a época das monarquias absolutas e da sociedade hierarquizada em ordens ou estados.
A ordem é definida pelo nascimento ou pela função desempenhada pelo individuo. A cada ordem cabe um estatuto jurídico, uma forma de se vestir e de tratamento.
A sociedade no Antigo Regime divide-se em três ordens: o clero, a nobreza e o Terceiro Estado (correspondente ao povo). Esta estratificação social mantém vivos os privilégios provenientes da Idade Media. Isto levou Pierre Goubert a definir o Antigo Regime como “o regime da diversidade jurídica e administrativa, da complicação e do privilégio”.

Primeiro Estado - Clero
O Primeiro Estado, formado pelo clero, mantem-se como o estado mais digno, porque mais próximo de Deus. Usufrui de diversos privilégios além de ter muitas posses e ser muito rica.
Por ser a única ordem a qual não se chega pelo nascimento, o Primeiro Estado aglutina pessoas de todos os grupos sociais, mas por ter uma rígida hierarquia, cada um ocupa o lugar de acordo com suas origens sociais.
O Segundo Estado, composto pelos membros da nobreza, é a ordem de maior prestigio. Sede membros ao alto clero e ocupa lugares de maior poder na administração e no exército.
Os nobres também usufruem de variados privilégios, estando isentos do pagamento de contribuições ao rei, exceto em caso de guerra.

Segundo Estado - Nobreza 
O Terceiro Estado, o povo, é a ordem mais heterogenia, composta desde a alta burguesia até os miseráveis que mendigam nas ruas.
Os burgueses – homens de letras e mercadores – constituem a elite do Terceiro Estado.  A baixo destes estão aqueles que realizam o trabalho braçal e, por ultimo, os mendigos, vagabundos e indigentes, os membros mais desprezíveis da sociedade de ordens. A grande maioria, cerca de 80% da população, eram camponeses.
 A ordem mais baixa da sociedade não usufrui de privilégios medievais, praticamente todos os elementos do povo pagam impostos.
Cada ordem social era visivelmente diferenciada, dispondo de tratamentos apropriados de acordo com a posição que ocupa. Tendo, suas insígnias e seus distintivos. Também na justiça os tratamentos eram distintos. Clérigos e nobres não pagavam seus crimes com penas vis, mas sim com pesadas multas ou exílios.
Apesar de toda essa rígida estrutura a mobilidade social era possível, o que acaba por gerar uma ascensão do Terceiro Estado e a decadência dos privilégios de nascimento.
Através do dinheiro a burguesia encontrou caminho até o topo, com dedicação aos cargos do Estado e por meio do casamento alcançou a ascensão social e venceu os preconceitos.   

Antigo Regime: O Absolutismo Régio

O rei esta no ápice da hierarquia social. Durante os séculos XVII e XVIII o poder real atingiu o auge de sua força.
O poder real na monarquia absoluta era legitimo pois provinha da vontade de Deus.
Segundo Bousset, o poder real conjuga quatro características básicas:
·         É sagrado, porque provem de Deus, ele nomeia o rei para que exerça o poder em seu nome. O rei torna-se o garante da ordem social estabelecida e, é nesta condição que Deus lhe entrega o poder.
·         É paternal: “A primeira ideia de poder que existe entre os homens é a do poder paterno e fizeram-se os reis pelo modelo dos pais”.
·          É absoluto: “o príncipe não deve prestar contas a ninguém do que ordena”.
·         Está submetido à razão, isto é, à sabedoria que “salva mais os estados que a força”.
Na monarquia absoluta o rei concentra em si os três poderes: legislativo, executivo, judiciário.  Não ha qualquer órgão que controle a ação regia.
Os monarcas absolutos dispensam o auxilio de outras forças politicas, os Estados Gerais, na França, reunidos pela ultima vez (antes da revolução) em 1614-15. Em Portugal, as cortes não foram convocadas durante todo o século XVIII. No entanto nenhuma instituição foi, verdadeiramente, abolida.
Durante o absolutismo a corte se transformou no espelho do poder. Todos estavam dependentes do rei se quisessem prestigio e poder. Quem não frequentava a corte virava as costas ao poder e ao dinheiro que o rei distribuía magnanimamente pelos que o cercavam.

Nobres, conselheiros, “privados do rei”, funcionários viviam na corte e para a corte. Esta sociedade da corte servia de modelo aos que aspiravam à grandeza.

Luis XIV - símbolo do absolutismo régio

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Revolução America

Uma revolução fundadora 




       Em 1760 o monarca britânico Jaime III acabava de subir ao trono, e se orgulhava de ter em suas mãos, na América do Norte, as colonias de povoamento mais importante do Mundo, as 13 colônias. Este território estava localizado ao longo da costa atlântica e estavam habitados por fiéis súditos.

                                               As 13 colônias possuiam entre sim disparidades e uniformidades. As colônias do Norte e do Centro tinha como base econômica a agricultura, complementada pela pesca, criação de gado, comércio e indústria, além de serem constituídas por comunidades mais tolerantes. Enquanto isto as colônias do Sul especializavam-se na plantação de tabaco e de algodão, usando de mão-de-obra escrava.  No entanto tinham em comum a língua, a religião, a submição a Coroa britânica e ao Parlamento inglês e a luta contra índios e francese.
       Se por um lado os fatores de união podem ter favorecido a criação, em 1776, de um país novo e independente; por outro lado, os fatores de diversidade podem ter colaborado nas hesitações na escolha 
do modelo político a adotar após a independência.
      O descontentamento econômico dos colonos contra os ingleses começou após a Guerra dos Sete Anos, travada por franceses e ingleses, e que se estendera em território Americano. Após a Inglaterra se firmar vitoriosa, cobrava aos americanos, em troca da proteção concedida a estes, vários impostos, de maneira a recuperar-se do esforço da guerra. Em 1764 e 1767 o Parlamento britânico decretou taxas aduaneiras sobre a importação de certos produtos e criou o imposto de selo.
      Além disso a região que os colonos revindicavam, a oeste, para se expandirem territorial e economicamente, foi considerada propriedade dos índios pelo governo britânico.     
      Outro motivo de descontentamento foi a falta de liberdade comercial. Os americanos só podiam exportar para a Inglaterra e colônia inglesas e para importar, só por intermédio de Londres.
      Os descontentamentos alcançaram também a política, uma vez que os colonos americanos tomaram consciência de que, apesar de serem cidadãos britânicos, não estavam representados no Parlamento de Londres. Com isso não consideravam legais o impostos votados. 
       Face a revolta, realizou-se, em 1765, um congresso em Nova Iorque, contra a importação das leis. Os protestos deram frutos, e em 1770 os impostos foram abolidos, à exceção daqueles que diziam respeito ao chá, uma vez que seu monopólio pertencia a Companhia das Índias. Como forma de revindicação, em 1773, em Boston, os colonos, desfarsados de índios, invadiram um navio da Companhia das Índias e lançaram ao mar todo o carregamento de chá, no evento que ficou conhecido por Boston Tea Party. O rei Jorge III reagiu com medidas repressivas.          
       Em 1774, no Primeiro Congresso da Filadélfia, os colonos ainda tentavam uma solução negocial; porém nas ruas organizava-se um movimento revolucionário armado. Em 1775 ouviram-se os primeiros tiros da revolução, com este violento encontro findou-se as possibilidades de negociação.
     No dia 4 de julho de 1776, os delegados de todas as colônias aprovaram a Declaração da Independência no segundo Congresso da Filadélfia.
   Apesar da Declaração da Independência os conflitos prosseguiam sob o comando de George Washington. Mais tarde, em 1778, os americanos ganham o apoio dos franceses, que ajudavam com armas, soldados, dinheiro e barcos. Este apoio se justificava pela vontade de revanche deste país em relação a derrota na Guerra dos Sete Anos.
   Foi graças ao apoio de franceses e espanhóis e à ação diplomática na Europa que a vitória sobre os ingleses se tornou possível. Foi em 1783 que colonos e ingleses assinaram o Tratado de Versalhes, no qual a Inglaterra reconhecia a independência das 13 colônias e os franceses recuperavam alguns dos territórios perdidos em 1763.
     Pela primeira vez na história os ideais iluministas de liberdade e igualdade foram postos em prática, gerando a criação de um novo país.
    Em 1787 a Constituição definiu o modelo político do novo Estado independente: foi instituída a República dos Estados Unidos da América. Nesta o poder legislativo foi entregue ao Congresso, composto pela Câmara dos Representantes e pelo Senado. O poder executivo coube ao Presidente e por último o judicial passou a ser responsabilidade do Tribunal Supremo e tribunais inferiores.
     Em resumo, a Revolução Americana deu início a uma vaga de revoluções liberais que correram entre os séculos XVIII e XIX e que puseram fim ao sistema do Antigo Regime baseado no Absolutismo e na sociedade de ordens. Estes movimentos instituíram a soberania popular, a separação dos poderes, a livre iniciativa econômica, a tolerância religiosa es descolonização.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

A História da Igreja Católica

Uma busca por riqueza e poder



       Quando olhamos para o passado, ao vermos histórias sobre as duas grandes guerras e sobre o Nazismo nos horrorizamos com as matanças, tendo estas como grandes tragédias da humanidade; em que seres humanos foram tratados de forma que nenhum ser vivo deve ser tratado. No entanto nos esquecemos de outra grande tragédia, talvez muito mais cruel que as outras citadas, esta, foi chamada de Santa Inquisição.  
       A Santa Inquisição apesar de ser criada e executada pela Igreja Católica não foi um movimento religioso e com a finalidade de satisfazer as vontades de Cristo como era, na época, justificado pela Igreja, mas sim foi criado por interesses econômicos. É fato que os fiéis eram grande fonte de riqueza á Igreja, e perdendo-os consequentemente perde-se dinheiro.
       Entre as ações absurdas realizadas pela Igreja estão, a venda de pedaços do céu, assim quando as pessoas morressem teriam um lugar garantido no céu. A venda de indulgências, ou seja, para serem perdoadas as pessoas tinham de pagar por isso. Além de cobrar diversos impostos. A população também tinha de obedecer as regras da Igreja, caso contrário poderiam ser condenadas por heresia com penas que podiam chegar a morte. 
       Devemos lembrar que as mortes não eram rápidas, antes de morrerem as pessoas tinha de passar por terríveis torturas. Haviam diversos métodos de tortura com, Roda de despedaçamento, Berço de Judas, Garfo, Garras de Gato, Pera, Máscaras, Cadeira, Cadeira de bruxas, entre outros.
Haviam também diversos métodos de execução, os mais comuns eram a guilhotina, a forca, a cremação, espada, machado e cepo. Porém estes não eram os únicos, os métodos eram dos mais variados.
       Durante este período a Igreja Católica usou do nome de Jesus Cristo para justificar os assassinatos realizados, usando assim uma grande máscara de Cristianismo. Afinal, em nenhum lugar nas Sagradas Escrituras Jesus matou alguém que discordasse dele, tampouco ensinou que seus seguidores o fizessem e nenhum dos apóstolos deu essa instrução no Novo Testamento.
       Outra das pregações de Cristo era a humildade, o amor e o respeito ao próximo. Isso foi realizado pela Igreja? Não, pelo contrário, não teve piedade muito menos respeito pelo outro. Além disso, era detentora de enormes riquezas e grande posse de terras, também de prestigio e status, estando no ápice da pirâmide social feudal durante a Idade Média, a cima do próprio Senhor feudal. 
       Por ser dona de grandes riquezas e terras, a Igreja dispunha de grande poder econômico e político. Interferindo, ou até mesmo decidindo questões do Estado. Isso não ocorre somente na Idade Média, mas também foi presença marcante durante a era do Absolutismo.  
Martin Lutero
1483 - 1547
       Durante anos a Igreja foi dona de um grande poder, e então surge Lutero, um membro da Igreja, que era contra os abusos praticados por esta, com suas Noventa e Cinco Teses, que defeitos da Igreja. Isto desperta no povo inglês uma grande indignação e insatisfação perante a Igreja, gerando revoltas, protestos, o desejo de mudança aflora na pele do povo. Os frutos colhidos foram o surgimento de uma nova igreja, a Luterana, e a conquista de muitos adeptos.
       Lutero pregava que o lucro não era pecado – ao contrario do que dizia a Igreja Católica - e sim presente de Deus. Aquele que lucrasse e ficasse rico era porque Deus o amava. Com isso Lutero ganhou muitos seguidores, principalmente burgueses, uma vez que esta era uma classe mercadora e visavam o lucro, agora praticavam seu oficio sem serem condenados pela religião.
       As ideias luteranas continuaram vivas e influenciaram personalidades como o grande rei Henrique VIII da Inglaterra (para saber mais sobre este rei, leia a publicação: “Henrique VIII: Um retrato do Absolutismo Parlamentar”) que ao ser excomungado da Igreja Católica por querer a anulação de seu casamento, cria sua própria Igreja, a Igreja Anglicana – que segue ideais luteranos. Esse fato mudou para sempre a vida da nação inglesa, que ainda hoje segue a Igreja de seu tão adorado rei Henrique VIII.
       Enfim concluo que não devemos ser contra a Igreja Católica, nem mesmo defende fielmente seu negro passado; devemos apenas olha-la com um olhar crítico e saber absorver o que julgamos bom, o que queremos para nós; e rejeitar o que não queremos.